Tarifas, Liquidez e Dor: Qual o Próximo Passo?

Entenda por que a liquidez está prestes a impactar o preço do Bitcoin e como navegar com estratégia em meio à incerteza macro.

Introdução

Todo mundo quer saber das tarifas. É definitivamente o assunto do momento. E justamente por isso, é um dos temas que menos quero focar nesse relatório. Quando algo é falado em excesso e todos os olhos estão voltados para o mesmo ponto, muitas vezes estamos apenas diante de uma grande cortina de fumaça.

Sim, as tarifas têm seu grau de importância. Mas a minha análise nunca foi e nunca será dependente apenas de manchetes e narrativas de curto prazo. O objetivo aqui é oferecer uma leitura baseada em dados quantitativos, sistemáticos, que nos ajudem a entender onde estamos no ciclo, com ou sem tarifa no noticiário.

A leitura macro está carregada de ruídos geopolíticos, então vamos abordá-la de forma estrutural, tentando entender os sistemas por trás das decisões que afetam os mercados no médio prazo.

Vamos nos aprofundar?

Liquidez Global

Weekly Growth in Global Liquidity

O gráfico segue em disparada. O crescimento é claro e consistente — e isso tende a impactar os mercados em breve. Com o dólar enfraquecendo, a liquidez global ganha ainda mais fôlego. Esse é o principal driver do mercado cripto, mesmo com seu conhecido lag de impacto.

Quando esse efeito for precificado pelo mercado, a probabilidade de entrarmos em um regime de alta para ativos de risco aumenta significativamente.

GLI vs BTC e Fair Value

O Global Liquidity Index segue em trajetória de alta, enquanto o Bitcoin continua atrasado em relação à liquidez. Essa distorção tende a se corrigir, como sempre faz ao longo do tempo.

Já o modelo de Fair Value mostra que o preço justo atual para o Bitcoin é de aproximadamente 106k, enquanto estamos operando abaixo do segundo desvio padrão inferior. Ou seja: preço muito descontado em relação ao valor justo histórico com base na liquidez global. Isso cria um cenário de assimetria que só acontece algumas vezes por ciclo.

📌 O lag estimado (77 a 91 dias) começou em 07/04 e vai até 21/04 — estamos exatamente no período onde os efeitos começam a aparecer. Recuperação chegando?

Cenário Macro

Global Macro Risk Matrix

Imagem não encontrada

Segundo o modelo do 42 Macro, estamos em regime de deflação. Isso indica um cenário risk-off, onde há menos apetite por risco no mercado. As tarifas afetam diretamente esse modelo, tornando o momento mais volátil e instável do que o usual.

Inflação + Bond Yields

Vemos indícios de que a inflação dos EUA está melhorando, o que pode facilitar os planos do governo americano e aliviar pressões políticas.

No entanto, os Bond Yields de 10 anos estão em forte movimento, gerando especulações. Estaria a China vendendo treasuries como retaliação às tarifas? Ou o Japão está reposicionando capital para competir melhor com Pequim?

O FED, ao que tudo indica, está pronto para atuar comprando esses títulos, injetando liquidez e estabilizando os juros — o que seria positivo para o mercado no médio prazo.

Importante comentar que, esse GAP do gráfico acima não fica tanto tempo sem sua correlação, a tendência é ser fechado em breve.

Injeções de liquidez controladas são benéficas. Elas estabilizam e estimulam a economia, mesmo que a dívida continue sendo um desafio.

Indicadores On-Chain

STH MVRV + SOPR

Voltamos à zona crítica que já destacamos nos últimos relatórios. O STH Cost Basis está em 92k, e o último suporte do indicador (banda inferior) está em 71k.

Só estivemos tão abaixo uma única vez neste ciclo — o que reforça a leitura de que estamos em uma zona de entrada muito interessante.

STH Supply in Profit/Loss Ratio

Seguimos em zona de dor máxima. Isso pode se prolongar um pouco mais, mas historicamente, esses níveis tendem a ser seguidos por uma recuperação rápida e consistente. Estamos muito perto do fim dessa dor.

Mapas de Liquidez

CoinAnk (3D)

  • Região de 84k mostra alta concentração de ordens.

  • Se rompida, 77k volta para o radar.

CoinGlass (3W)

  • Nível de 67k aparece como zona de liquidez mais relevante na parte inferior.

  • Não acredito mais nesses níveis mas a possibilidade é verdadeira em caso de colapso forte no curto prazo.

Conclusão

Nossa leitura dos dados on-chain nesta semana segue com foco no curto prazo, já que no longo prazo nada mudou: continuamos em uma das melhores zonas de compra do ciclo. Muitos aguardavam essa oportunidade de meio de ciclo, e ela está diante de nós. No curto prazo, no entanto, seguimos mergulhados em um cenário de dor acentuada — ou algo muito próximo disso.

Ainda sem uma tendência definida, nos mantemos atentos a essa zona de interesse traçada pelos dados, que permanece excelente para exposição gradual. É um momento onde o tempo e a disciplina serão mais valiosos que qualquer previsão exata.

Os mapas de liquidez apontam para um potencial de curto prazo, mas sem grandes euforias. O mercado está morno, os futuros seguem fracos, e a ausência de posições penduradas sugere incerteza — especialmente para os traders de curto prazo.

Já no macro, o cenário é caótico. E quando tudo parece confuso demais, o melhor que podemos fazer é aplicar o zoom out. O ciclo de liquidez, o refinanciamento de dívida e os indicadores de base monetária seguem firmes na direção de uma melhora. O regime atual ainda é de deflação — o que, sim, é duro para ativos de risco — mas o quadro tende a mudar.

E nesse momento, você tem duas opções: ou espera a confirmação de uma tendência positiva, entrando mais seguro e perdendo parte do upside, ou se expõe estrategicamente durante a incerteza, aceitando o desconforto de estar certo antes do consenso.

A situação global está pressionada, mas os dados indicam que a melhora virá no longo prazo. As próximas ações do FED terão papel central nessa virada. Vamos seguir monitorando de perto, mas já há sinais claros de que essa compressão está prestes a afrouxar.

Sobre a guerra tarifária: não parece algo que vai durar muito. Já há sinais de renegociação em curso nos bastidores do governo dos EUA, com possíveis concessões a parceiros estratégicos. Nem todos sairão satisfeitos, e essa nova dinâmica pode acelerar o surgimento de uma nova ordem mundial mais fragmentada, com blocos econômicos atuando por interesses mútuos. Mas isso é uma conversa para outra análise.

O fato é que o mercado odeia incertezas — e hoje está claramente desconfortável. Isso, por si só, costuma ser um excelente indicativo de que estamos próximos de um fundo, salvo algum problema sistêmico inesperado.

Podemos subir em V? Sim. Podemos ir mais abaixo antes disso? Também. Mas o que não podemos é ignorar que o DCA continua sendo a melhor estratégia, enquanto a tendência não se define. Estar posicionado aos poucos, com paciência, é o que garante retorno em ciclos assimétricos. A outra opção a isso seria esperar a tendência positiva para se expor, o que também é válido, o problema é ter critérios para isso. Se você não a tem, a melhor opção é o DCA.

Bullish até que me provem o contrário.

TL;DR (Resumo Final)

  • Liquidez global em disparada. Lag do impacto prestes a expirar.

  • Dólar fraco, GLI forte. Fair value do BTC em 106k.

  • Macro confuso. Modelos indicam deflação e risk-off, mas há sinais de melhora.

  • On-chain indica dor máxima e oportunidade. Mapas de liquidez mostram zonas críticas.

  • Estamos em momento de decisão. SDCA segue sendo a melhor estratégia.

Relatório feito por:

Supervisão:

Isso não é uma recomendação direta de investimento.

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